De há um tempo para cá, a minha vida tornou-se numa luta constante. Um exercicio de equilibrismo. Uma volta na montanha-russa das emoções.
Se por um lado, reconquistei paz interior por outro, sou constantemente confrontada com puros actos de egoísmo e desinteresse. Acreditem que não me afectariam se me fossem dirigidos a mim, pessoalmente.
Mas envolvem a pessoa mais importante da minha vida : o meu filho. E outra pessoa que já foi muito importante e que, inutilmente lutei para que se mantivesse como tal, apesar do nosso afastamento romântico : o pai do meu filho.
O nosso relacionamento terminou, como tantos outros relacionamentos, de tantas outras pessoas. Sempre fomos amigos e desejava preservar essa amizade porque afinal de contas, tinhamos um projecto em comum e ao qual estaremos ligados para o resto das nossas vidas.
O tempo, veio-me mostrar o quanto ainda sou ingenua em relação ás pessoas. O afastamento inevitável, como casal, tem vindo a acontecer em relação ao nosso filho também. E se nos primeiros tempos, ele se tornou um pai presente (mais do que alguma vez tinha sido), aos poucos, foi-se afastando. Deixando-me entristecida, revoltada e indignada. Como era possível , ele esquecer-se do filho ?!
Engoli o orgulho , porque estava em causa o bem-estar do meu filho e depois das minhas insistências e conversas (sempre de fugida, porque estava sempre ocupado), consegui que as saídas fossem retomadas.
Menos mal. Mas a ""luta" deixou-me profundamente decepcionada, com este homem que eu considerava amigo. A frase: "Divorciem-se, mas não se divorciem dos filhos", só funciona para o meu lado.
Dificil também, é filtrar qualquer ressentimento ou frustração quando o meu filho me faz perguntas sobre a ausência do pai. Há algum tempo que fiz uma promessa: nunca mentir ao meu filho, nunca "dourar a pílula", nunca justificar ou desculpabilizar as atitudes do pai. Limito-me a responder de forma simples e sem emitir juizos de valor.
Mas fico com o coração apertadinho, sempre que ele faz birra porque não quer ficar com o pai... Doi-me mais do que qualquer coisa que possam imaginar. E fico quase sem vontade de argumentar, mas insisto, insisto sempre:
"O pai telefonou a dizer que está cheio de saudades tuas. E que quer passear contigo. Não tens saudades do pai?"
"Não e estou zangado com o pai", responde ele.
"Então, porque não dizes isso ao pai, quando ele te vier buscar? "
"Vou dizer que estou zangado e que não quero passear com ele, coisa nenhuma"
"Boa, faz isso. Quando estamos zangados, devemos dizer ás pessoas, porque senão elas não percebem porque é que estamos com uma cara tão feia, como a que tu tens agora."
"Eu não tenho cara feia, vês?" E um sorriso ilumina-lhe o rostinho, sinal que a crise já passou.
Por enquanto, tem sido fácil lidar com estes momentos de tristeza dele, mas ele vai crescer e a sua percepção também. E este homem que é pai dele, parece não ter qualquer tipo de preocupação com isso. Acho que na cabeça dele, os papeis já foram atribuidos:
A mãe é a que educa, que ensina , que chama a atenção, que repreende, a CHATA.
O pai é gajo PORREIRO, que o leva a passear, ao cinema, á praia e quando ele for mais crescido, para a noite e para as miudas.
Não podia estar mais errado. Eu sou a chata sim, mas porque eu estou lá, presente, constante, atenta, preocupada. Mas também sou a palhaça, a contadora de histórias, a biologa de jardim, a que joga á bola, a que adora fazer bolinhas de sabão, construir castelos de areia, inventar canções tontas e aprender os nomes dos super herois de agora...
Porque, por ele, sou criança outra vez sem medo do ridiculo...
E por ele, despoletei uma nova "batalha": estabelecimento do poder paternal.
E isto é o que mais me custa: perceber que no final, as pessoas têm que lutar por...dinheiro.
Odeio isto. Mas tenho que o fazer.
Engoli o orgulho , porque estava em causa o bem-estar do meu filho e depois das minhas insistências e conversas (sempre de fugida, porque estava sempre ocupado), consegui que as saídas fossem retomadas.
Menos mal. Mas a ""luta" deixou-me profundamente decepcionada, com este homem que eu considerava amigo. A frase: "Divorciem-se, mas não se divorciem dos filhos", só funciona para o meu lado.
Dificil também, é filtrar qualquer ressentimento ou frustração quando o meu filho me faz perguntas sobre a ausência do pai. Há algum tempo que fiz uma promessa: nunca mentir ao meu filho, nunca "dourar a pílula", nunca justificar ou desculpabilizar as atitudes do pai. Limito-me a responder de forma simples e sem emitir juizos de valor.
Mas fico com o coração apertadinho, sempre que ele faz birra porque não quer ficar com o pai... Doi-me mais do que qualquer coisa que possam imaginar. E fico quase sem vontade de argumentar, mas insisto, insisto sempre:
"O pai telefonou a dizer que está cheio de saudades tuas. E que quer passear contigo. Não tens saudades do pai?"
"Não e estou zangado com o pai", responde ele.
"Então, porque não dizes isso ao pai, quando ele te vier buscar? "
"Vou dizer que estou zangado e que não quero passear com ele, coisa nenhuma"
"Boa, faz isso. Quando estamos zangados, devemos dizer ás pessoas, porque senão elas não percebem porque é que estamos com uma cara tão feia, como a que tu tens agora."
"Eu não tenho cara feia, vês?" E um sorriso ilumina-lhe o rostinho, sinal que a crise já passou.
Por enquanto, tem sido fácil lidar com estes momentos de tristeza dele, mas ele vai crescer e a sua percepção também. E este homem que é pai dele, parece não ter qualquer tipo de preocupação com isso. Acho que na cabeça dele, os papeis já foram atribuidos:
A mãe é a que educa, que ensina , que chama a atenção, que repreende, a CHATA.
O pai é gajo PORREIRO, que o leva a passear, ao cinema, á praia e quando ele for mais crescido, para a noite e para as miudas.
Não podia estar mais errado. Eu sou a chata sim, mas porque eu estou lá, presente, constante, atenta, preocupada. Mas também sou a palhaça, a contadora de histórias, a biologa de jardim, a que joga á bola, a que adora fazer bolinhas de sabão, construir castelos de areia, inventar canções tontas e aprender os nomes dos super herois de agora...
Porque, por ele, sou criança outra vez sem medo do ridiculo...
E por ele, despoletei uma nova "batalha": estabelecimento do poder paternal.
E isto é o que mais me custa: perceber que no final, as pessoas têm que lutar por...dinheiro.
Odeio isto. Mas tenho que o fazer.
***
Ana, permite-me dizer que um pai só é importante na vida de um filho na medida em que a influêncía pela positiva. Quando assim não é vale mais uma mãe que é também pai do que um pai que nem pai sabe ser. Desculpa o bitaite mas á algo que me é familiar e sei o que custa. Beijinho minha linda, e força para a luta! :)
ResponderEliminarTens toda a razão, Silvia (já agora, nada de desculpas, s.f.favor. Os bitaites são benvindos, porque preciso deles). O facto de eu ter tido um pai super-presente, condiciona o meu desejo de que o meu filho também o possa ter.Mania de tentar consertar o mundo...
ResponderEliminarIsto da parentalidade, ainda é uma coisa que ando a aprender e desconfio que a aprendizagem nunca estará concluida.
Beijo, querida :)
Querida Ana Paula! Antes de mais,quero agradecer o facto de me apresentares o teu blog! Estou a adorar! :) Sinto, em cada publicação,(das k já li até agora)uma grande empatia e consigo rever-me em algumas situações,além de me aperceber k temos gostos semelhantes....
ResponderEliminarNeste caso em especial,passou já 1 ano desde estes acontecimentos...espero k a relação do pai com o filho tenha melhorado satisfatoriamente.Pessoalmente senti na pele todo este drama,embora o meu filho tivesse 12 anos quando as coisas aconteceram,e conseguisse compreender de maneira diferente,nunca vou esquecer o k ele sofreu, o k eu sofri,as lutas k travei,e agora,ao olhar para trás,refletindo com consciência,chego à conclusão k teria sido preferível deixar andar,porque afinal a minha luta foi em vão,e o meu filho acabou por se aperceber k o pai não prestava sendo ele a afastar-se completamente.Sei k existem pais k não abdicam dos filhos sob pretexto algum,e mesmo depois de constituírem nova família,continuam a dar toda ou ainda mais atenção ao filho (os)da primeira relação.Mas infelizmente,a realidade mostra-nos um panorama bem distinto,e conheço casos gritantes,em k dá vontade de chamar monstros àqueles seres k ainda têm a ousadia de serem chamados pais...
Minha querida,talvez tenha exagerado...mas estou mt marcada,e por isso não gostaria de ver ninguém passar pelo mesmo...
Mas sei k vais fazer o melhor pelo teu filhote!
Beijinhos do coração<3<3<3
Querida Ana:
ResponderEliminarmuita água passou pelo moinho, durante este ano e mais faltará passar, concerteza.
A situação mantêm-se, a forma como lido com ela é que se modificou. E isso fez toda a diferença. Estou mais segura e mais ciente, e também mais descontraída.
Á medida que o filhote vai crescendo, aumenta também a sua percepção real das coisas. Limito-me a estar atenta e disponível. Atenta aos sinais porque ele habitualmente só acusa o toque, 2 dias depois das coisas acontecerem (isto quando ele volta do fim-de-semana com o pai...e aí, sim, falamos e esclarecemos situações.
Pouco mais posso fazer, porque continuo a não dourar pílulas e porque no fundo, não me diz respeito na medida em que não sou responsável pelas escolhas e atitudes do pai.
Mas, confesso que às vezes, custa. O meu coração de mãe fica apertado quando vejo o meu filhote triste ou revoltado com o pai. Enfim...
Obrigado pela visita, pelo comentário e pelo carinho, Ana Maria.
Um beijo muito carinhoso :)