quinta-feira, 28 de julho de 2011

Acerca da (minha) rebeldia


Há algum tempo atrás, alguém que ainda não me conhece bem,  disse: "Bem, hoje estás rebelde!"
"Eu sou rebelde.", respondi a sorrir. "Mas hoje em dia, sou uma rebelde controlada e mais consciente. Deixei de ser uma rebel without a cause, para ser uma rebel with several causes."

E fiquei a pensar... tempos houve, principalmente na adolescência (é um pressuposto, não?) em que a minha rebeldia era apanágio da minha forma de estar e de viver. Desafiava constantemente a autoridade fosse ela familiar ou social. Era completamente contra, tudo o que me era imposto de forma autoritária (continuo a ser) e reagia muito mal a certezas, verdades absolutas e a tudo o que era considerado normal (hoje em dia, já as aceito como sendo opções váĺidas para as outras pessoas).  Fazia o que me dava na telha, era inconsequente e meio irresponsável.
Claro que a minha relação com os meus pais (principalmente com o meu pai), foi muito afectada e vivemos dias terríveis de conflito. Anos mais tarde, fizemos as pazes e tudo passou, porque o amor que nos unia sempre foi mais forte e de certa forma, muitas coisas positivas sairam desses conflitos, para mim e para eles. O meu pai, que sempre tinha sido autoritário (deformação profissional?), percebeu que mais facilmente chegava a mim, com negociações e com gestos de carinho (aprendeu a dizer "amo-te, filha" e a abraçar à séria, nesta altura). Tornámo-nos nos melhores amigos. Perdíamo-nos em longas conversas, como se tivessemos acabado de nos descobrir um ao outro. Eu entendi que, muitas vezes, o nosso certo torna-se errado quando magoamos os que nos amam e nós amamos.
No meio de tudo isso, tive uma sorte tremenda, porque nunca prejudiquei intencionalmente ninguém e nunca me sabotei como pessoa, nunca caí em vícios nem em grandes tentações. Desses dias, ficou-me um furo extra na orelha e muitos agradecimentos ao enorme anjo-da-guarda que deve tomar conta de mim e que muito deve ter trabalhado, nessa época ;)
Mas...houve um preço. Que eu paguei. E do qual não me arrependo. Fez de mim a pessoa que sou hoje, e ajudou-me a focar no que é realmente importante. E a perceber que na vida há batalhas que devem ser travadas e outras que devem ser abandonadas, porque são estéreis e nada trazem de bom ou construtivo, nem para nós, nem para a sociedade em geral.
Hoje, escolho as minhas causas e mais do que rebelde, considero-me uma eterna inconformada e porque: "Não é sinal de saúde, estar bem adaptado a uma sociedade doente." (Jiddu Krishnamurti)

E vocês? ☺
***

8 comentários:

  1. Como filha única que também sou, acabei por também descobrir o meu pai tarde, mas a tempo. Para além do autoritarismo, havia a minha mãe, mais autoritária ainda que filtrava a nossa relação para o bem e para o mal.
    Felizmente e tal como tu, apesar da reguilice, sempre tive noção das medidas, de não entrar em esquemas muito loucos, nem prejudicar ninguém. Sempre em defesa dos fracos e oprimidos.
    Deixa lá, que os nossos anjos da guarda devem ser amigos e devem ter-se aconselhado para cuidar de nós.

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  2. Luisa:
    só podem...eheheheh.
    Beijo ♥

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  3. O que os favorece com a idade é a experiência que se ganha... porém, nos moldar às situações, mas nunca ofoscar a nossa essência, para mim é um acto unicamente inteligente! :)

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  4. A Minha Essência:
    pois, é isso mesmo!
    Aprender as regras, para as saber quebrar, correctamente (Dalai Lama) e sem abdicarmos daquilo em que acreditamos e daquilo que somos :)
    Beijinho

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  5. Nunca fui muito rebelde mas o meu pai também me controlava imenso e lembro-me de fitas e de choros, de mentiras para ir sair, de dizer que fugia de casa!Entretanto fui crescendo e aprendi que agia assim por medo que eu me magoasse.Magoei na mesma.O amor que tenho pelo meu pai é enorme...A rebeldia de agora é em lutar por aquilo que acredito e não me deixar pisar!Beijinho e adorei ler-te!

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  6. Ana,
    Nunca me achei rebelde, mas sempre fui considerada rebelde, entende? Coisas bobas, como não querer casar, não fazer primeira comunhão, não achar que deveria casar virgem, achar que deveria namorar muito, querer minha independencia financeira... Hoje eu acho apenas que pensava de uma forma diverente das meninas da minha idade, mas rebelde? Continuo achando que não, rs.

    Beijos

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  7. Drinha:
    se eu te contasse os esquemas que arranjava para sair à noite, ias-te rir muito. Incrível como a nossa imaginação arranja expedientes (parvos), nestas alturas! Achava-me tão esperta até que um dia, fui apanhada na curva...a mentira tem perna curta e só acabou por piorar as coisas porque a confiança foi quebrada. Enfim(suspiro)... parvoíces ;)
    É fundamental, lutarmos por aquilo que queremos e por aquilo em que acreditamos. Independentemente de seres filha, és acima de tudo um ser humano, com todo o potencial de ser aquilo que queres ser. Muitas vezes os pais,têm dificuldade e medo em aceitar que os filhos crescem e tem opiniões diferentes das deles, e que fazem opções que para eles são insensatas e irresponsáveis. Aceitar tudo isso pode ser complicado, quando temos pais muitos rígidos, mas acredita que se fores preseverante e decidida, acabaram por perceber que já tens maturidade para fazeres as tuas escolhas. Ah, e falar com eles (se possível), pode ajudar muito :)
    Beijinho e vai em frente.

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  8. Bianca:
    Entendi e xiiiiiii... nem vou por aí, porque tive um percurso muito semelhante com o que tu descreves (excepto o da 1ª comunhão). Também era considerada meio estranha, porque ao contrário das meninas da minha idade, nunca sonhei em casar e muito menos suspirava com vestidos de noiva. E comecei a trabalhar em part-time, no 1º ano da faculdade, à revelia dos meus pais, porque tinha vergonha de ainda ter que pedir mesada, o que acabou por ser uma grande afronta para eles (o que é que os amigos, iriam pensar?).

    Mulheres porretas (como se diz, aí) e de pêlo-na-venta (como se diz, cá).
    Beijos :)

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