terça-feira, 2 de agosto de 2011

O lado lunar do filhote

(photo by Vladimir Godnik)
Regra geral, é bem disposto, brincalhão, divertido, falador (muito) mas...de vez em quando, dão-lhe umas travadinhas. É como se uma nuvem negra pairasse sobre a cabeça dele e nada do que eu faça, a afasta. E recusa-se a falar, o que me deixa sempre meio exasperada, meio preocupada. Depois amua.
Regra geral, afasto-me. Dou-lhe o tempo e o espaço de que ele precisa para digerir o que quer que seja que o está a incomodar e porque sei, que daí a pouco, ele volta. E vem, de cabeça baixa, meio envergonhado, com voz pequenina e a pedir colo.
Só depois de lá estar, é que começa a desbobinar...conta as mágoas, as tristezas, os dramas sentidos, acompanhados de lágrimas grossas. E eu oiço-o e embalo-o, enquanto tento perceber o que está por detrás de tanto desalento e perturbação. Sim, porque o filhote é esperto e muitas vezes, só conta o que lhe apetece contar, a sua versão da estória. Nestas alturas, tenho que desmontar a conversa toda, insistir nas respostas que ele não quer dar, para perceber tudo, tudinho.
Há vezes, em que leva o sermão da praxe (porque se portou menos bem com alguém ou porque foi desobediente), outras vezes, não. Porque são reclamações genuínas e limito-me a explicar-lhe e a consolá-lo. Estas últimas, sei bem de onde veem e o que as provoca (e de certa forma, estou sempre à espera de ver como é que ele reage a elas).
E ele enrola os bracinhos à volta do meu pescoço, enrosca-se e diz que sou linda.
E eu beijo-o muito e penso sempre: "Tens tanto de doce, como de matreiro. Tal como a tua mãezinha quando era pequenina.".
A nuvem desaparece e a lua dá lugar ao sol.
E ficamos em paz :)

***

8 comentários:

  1. Não deixes nunca de insistir e ser paciente nessas conversas. Assim começa, a meu ver, a cumplicidade que une mãe e filho :)

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  2. A Vera era e é igual.Os silêncios as lágrimas grossas e pedir colo quando digeriu e consegue falar. Com 18 anos tenho dificuldade em ter colo suficiente, mas a malta amanha-se. E sabendo o que os preocupa sem poder fazer muita coisa é doloroso. Tadinhos, têm de crescer e é assim mesmo.
    Ai,os filhotes!!!

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  3. Smile:
    Bem sei que há alturas em que não estamos com muita paciência, mas eu acho que nós sabemos (e sentimos) sempre, quando as coisas são sérias... por isso é impossível não sentar para conversar. E depois, as mães têm sempre uma dose secreta de paciência, não é? Chama-se amor :)
    Beijinho.

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  4. Luisa:
    Pois, os filhotes são sempre filhotes e é bom eles saberem que podem sempre contar com o nosso colo. E é como dizes, é doloroso e ficamos com o coração muito apertadinho mas é mesmo assim.
    Olha, anda doido para conhecer o Pepper (ele tem medo de cães grandes, mas como o Pepper é pequeno...) e o Pickles!
    Beijooooooos

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  5. Apesar de não ter filhos (ainda) mas ser um dos meus desejos, admiro o carinho das tuas palavras...O Amor é isso tudo, e no caso dos filhos é um amor para a vida!Beijinho

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  6. Drinha:
    è mesmo, querida!
    Sou completamente, irremediávelmente, eternamente, apaixonada pelo filhote ;)
    Beijinho.

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  7. Ana, minha filha não é de se amuar, sempre pede colo e abre seu coração. Mas nos dois casos, no seu e no meu, é bom demais ver que os filhos confiamna gente, né?, cada um no seu tempo. E também sempre dói ver o sofrimento dos filhos, e ver nossa impotencia diante de certas dores, onde só nos resta dar amor e consolo.
    Beijos

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  8. Bianca:
    Sim querida, essa é a parte mais dificil. Mas parece que não há outra forma, né?
    Beijo enorme

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