sábado, 3 de setembro de 2011

Are you happy?


Por causa da minha sinusite crónica e depois de desistir da abordagem da medicina tradicional, farta de me entupir de medicamentos que, sim, atenuavam os sintomas mas que em contrapartida me presenteavam com outros tantos efeitos secundários (aumento de peso, infecções ginecológicas e até alterações hormonais), decidi consultar um homeopata.
Na altura, recordo-me que já vivia uma fase atribulada no meu casamento e o dito cujo, fez questão de me acompanhar, mesmo durante a consulta (mais tarde, percebi que não era preocupação pelo meu bem-estar, mas pelo que eu poderia dizer acerca dele e do nosso relacionamento).
Confesso que não estava preparada para a abordagem holística da minha maleita e fiquei extremamente surpreendida com as perguntas que o médico me fez. Engasguei (coisa rara em mim), quando ele me perguntou porque é que eu me queria sentir bem...
"Hã?", disse eu, "Porque sim." (que é sempre uma resposta pseudo-inteligente quando se quer evitar um assunto ou não se tem opinião formada.)
Ele sorriu e voltou a insistir.
"Porque quero viver em plenitude.", respondi eu.
"E porquê?"
"Porque só assim se pode ser feliz,"
"E para si, o que é ser feliz? O que é que faz, para se sentir bem?"
"Bolas, este homem não desiste, e já me está a enervar", pensei eu.
A verdade é que, na altura, fiquei paralisada e a única resposta que me saiu, relacionava-se com o meu filho recém-nascido e com coisas que fazia com ele.
De imediato, senti o olhar fixo de reprovação do meu companheiro. Deveria ter sido um wake up call para mim mas, na verdade, nós só vemos o que queremos ver e quando o queremos ver. Também deveria ter funcionado da mesma forma para ele, mas isso seria algo impensável para um narcisista puro.
O médico não insistiu e deu a consulta por terminada, após uma série de recomendações alimentares e do medicamento preparado especificamente para mim (e que se veio a revelar bastante eficaz na redução dos sintomas).
Saí de lá, a remoer na pergunta, ignorando por completo a voz crítica do meu companheiro. Nessa altura senti que uma semente tinha sido deitada à terra e que uma janela muito pequenina se tinha aberto no meu cérebro... e que, mais tarde, se escancarou de par em par.

Tudo isto para dizer, que muitas vezes não nos apercebemos de que estamos infelizes e acomodados, e que é preciso ser confrontado com uma pergunta simples, para que o nosso mundinho seguro e hermético, caia como um castelo da cartas. 
E quando assim é, eu opto sempre por mudar, custe o que custar.
E aqui vos confesso que, até hoje, nunca me arrependi.


P.S.: recordei-me desta situação ao ler o blogue da Drinha e este post, em particular.

***

10 comentários:

  1. Ana, tenho sentido que muitas vezes não é a felicidade que queria para mim e que sinto merecer...acabo a contentar-me com momentos e não com um todo!O pior é que parece que tudo acontece ao mesmo tempo ultimamente...Mas a pergunta teve como resposta que algo tem que mudar :) Beijinho grande

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  2. Drinha:
    A felicidade para mim, não é um estado absoluto e permanente. É sim, uma série de momentos que nos fazem sentir vivas, plenas, realizadas, amadas. Mas quando esses momentos começam a escassear e a sensação de que nos estamos a contentar com pouco e de que merecemos mais,aumenta, aí sim, é chegada a hora de mudar. Mas mesmo assim, só nós, podemos decidir se queremos mudar. Por mais que esperem isso de nós, cada um sabe quando o deve fazer, ao seu ritmo, no seu tempo, para aprender as lições que tiver que aprender.
    E algumas vezes, somos confrontados com a urgência de mudar, porque, como tu dizes, tudo acontece ao mesmo tempo...
    Um beijinho e um abraço muito, mas muito carinhoso.

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  3. Ana,
    Concordo plenamente com seu comentário acima.
    Algumas vezes a vida nos dá um sacode tão forte, que é inevitável não mudar. O problema é escolher a direção certa, ou a menos errada. Beijos e bom domingo!

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  4. Continuo "cativo" da sua escrita! Acho-a simplesmente brutal! E sim, também vejo a felicidade como intermitência, como os momentos que pretendemos resgatar da fugacidade...

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  5. Bianca:
    Pois é, às vezes não é fácil mesmo. Descobrir o caminho certo é um exercício solitário...
    Beijooooos, querida :)

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  6. Gustavo:
    obrigada pelo teu comentário e espero que não te incomodes que te trate por "tu" :)
    Beijinho.

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  7. Se me tratas por tu, então vou passar a retribuir na mesma moeda! ;)

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